segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um blues para o tango


E a assim a porta bateu. Dessa vez não foi do vento.

Saiu com o andar de quem jurava não voltar. Ela sabia disso, e o fez.

Sentiu a garganta arranhar e aquele frio inóspito percorrer a sua coluna, como quem diz: Cuidado mocinha!

Restou lembranças, cheiros e aquele livro postado ao lado da cama. Fez que não viu!

As cabeças foram tiradas da cortiça, o nó no peito foi pesando, e a música insistia em tocar na vitrola. Ela gosta de vitrola, como que se transportasse ao tempo em que a vida andava em camêra lenta. O blues melódico escorreu pela porta. Entrou como quem dança um tango, a pegou pelo braço e a levou para lugares que ela insistia em não frequentar.

O disco arranhado parou, a porta bateu, a sensação voltou.
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Carolina Martinez